🔎 As diferenças na composição dos méis de abelhas Apis e Jataí


As diferenças na composição dos méis de abelhas Apis e Jataí

A criação de abelhas, no Brasil, é dividida em Apicultura que utiliza as abelhas Apis melífera e a Meliponicultura que utiliza as abelhas sem ferrão, como a Jataí.

O mel e sua qualidade podem variar muito por diferentes fatores como:
- região, clima e solo
- cuidado no manejo e manipulação
- espécie e genética da abelha
- a florada (pólen e néctar) que é a "matéria prima" de sua elaboração

Os principais componentes do mel, independente do tipo de abelha, são a água, os glicídios (ou carboidratos) e outras substâncias como os as proteínas (aminoácidos), enzimas, ácidos orgânicos e minerais.

A composição do mel de abelha nativa, como a Jataí, é pouco conhecida, embora a análise das suas propriedades físico-químicas esteja associada com os méis de abelhas Apis.

Falando sobre o mel da abelha jataí (T. angustula), ele está apto para o consumo “in natura”, pois o mel analisado em estudos apresentou coloração parda, sabor característico, contudo levemente ácido e odor próprio, sendo agradável e característico de mel normal e todos os resultados derivados dos testes aplicados estavam em conformidade com os padrões impostos por legislação para Apis mellifera e em acordo com a literatura.

Vamos fazer um comparativo dos principais e mais importantes nutrientes presentes nos dois tipos de méis: mel da abelha jataí e mel da abelha Apis.

Os valores foram comparados às normas vigentes existentes para mel de A. melífera (Brasil, 2000). Para alguns indicadores, como as proteínas, teor fenólico e de flavonoides, não existe valor estabelecido na legislação em vigor para méis das espécies de abelhas sem ferrão.

Comparativo dos méis – Valores médios
(em 100 g de mel)

Nutrientes
Valor de referência
APIS
JATAÍ
pH (mEq/kg)
3,20 a 4,80
3,84
4,13
Acidez total (mEq/kg)
Máx 50* e 85*
24,14
71,68
Açúcares redutores (g)
Min 65** e 50**
72,09
63,45
Frutose (%)
27 a 45
36,19
45
Glicose (%)
22 a 41
31,28
45
Sacarose (%)
Máx 6
4,63
0,95
Proteínas (%)
-
0,31
0,37
Cinzas (%)
Máx 0,6
0,20
0,40
Fenólicos (mg)
-
55,69
103,64
Flavonóides (mg)
-
3,62
5,89
Umidade (%)
Máx 20*** e 35***
17,14
29
Valores de referência (BRASIL, 2000 e Vilas-Boas e Malaspina, 2005)
* Acidez (máx de 50 para Apis) e (máx de 85 para Jataí)
** Açúcares redutores (min 65g para Apis) e (min 50g para Jataí)
*** Umidade (máx 20% para Apis) e (máx 35% para Jataí)



ü  pH: é referente aos íons hidrogênio presente em uma solução e é um parâmetro antimicrobiano já que promove maior estabilidade em frente ao desenvolvimento de microrganismos. A classificação do mel de acordo com o pH é:
ü  pH = 7 é neutro;
ü  pH > 7 é básico;
ü  pH < 7 é ácido.
ü  Acidez total: determina a acidez do mel, contribui para a sua estabilidade atuando como inibidor de micro-organismos, além de atuar como indicador de formas inadequadas de armazenamento e início de processo fermentativo.
ü  Açúcares redutores: são os carboidratos em em maior quantidade no mel, responsável pelo fornecimento de energia rápida. São classificados em:
Ø  Glicose: tem baixa solubilidade determina a tendência da cristalização do mel.
Ø  Frutose: determina a doçura do mel. Méis com altas taxas de frutose podem permanecer líquidos por longos períodos ou nunca cristalizar.
Ø  Sacarose: é um açúcar que ainda não foi totalmente transformada em glicose e frutose.
ü  Proteínas: nutriente rsponsável pela formação e crescimento muscular.
ü  Cinzas: representa a quantidade de minerais contidos no mel (Potássio, Sódio, Cálcio, Magnésio, Manganês, Ferro, Cobre, Lítio, entre outros).
ü  Fenólicos: são estruturas químicas responsável pela capacidade antioxidante do mel no nosso organismo. Exercem efeitos preventivos e/ou curativos em distúrbios fisiológicos no ser humano.
ü  Flavonóides: são compostos bioativos que tem como função a proteção do mel contra danos oxidativos, além de proteger nosso organismo contra os radicais livres. Tem função antioxidante, anti-inflamatória e podem prevenir doenças.
ü  Umidade: teor de água presente no mel.


REFERÊNCIAS
1.        INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11, DE 20 DE OUTUBRO DE 2000 (BRASIL, 2000)
2.        Aline F. Lira, Juliana P. L. de Mello Sousa, Maria Cristina A. Lorenzon, Carlos Alberto F. J. Vianna
e Rosane N. Castro. ESTUDO COMPARATIVO DO MEL DE Apis mellifera COM MÉIS DE MELIPONÍNEOS. Acta Veterniaria Brasilica, v. 8, n. 3, p. 169-178, 2014.
3.        Anacleto, D.A. et al. COMPOSIÇÃO DE AMOSTRAS DE MEL DE ABELHA JATAÍ (Tetragonisca angustula latreille, 1811). Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 29(3): 535-541, jul.-set. 2009
4.        Elisa Chiapetti, Francieli Braghini, et al. COMPARAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO MEL DE ABELHAS AFRICANIZADAS (Apis mellifera) E ABELHAS JATAÍ (Tetragonisca angustula) COMERCIALIZADO NA MICRORREGIÃO DE FRANCISCO BELTRÃO – PR. Revista de Ciências Agrárias, 2017.
5.        Nicaretta, C. Et al. ANÁLISE FARMACOGNÓSTICA DO MEL DA ABELHA JATAÍ (Tetragonisca angustula).  Congresso de Ciência e Tecnologia. UTFPR. Campus Dois Vizinhos.
6.        Souza, G. L. Composição e qualidade de méis de abelhas (Apis mellifera) e méis de abelha jataí (Tetragonisca Angustula). Dissertação de mestrado.  Universidade de São Paulo. 2008.
7.        VILLAS-BOAS, J. K.; MALASPINA, O. Parâmetros fisico-químicos propostos para controle de qualidade do mel de abelhas indígenas sem ferrão no Brasil. Mensagem Doce, n. 82, p. 6-16, 2005.